“Queremos ser igual na diferença”
Mais do que uma data comemorativa, o dia
Internacional da Mulher deve ser reconhecido como símbolo da luta feminina em
busca do seu espaço na sociedade. Desde que 130 trabalhadoras morreram
queimadas, há 155 anos em
Nova York , reivindicando por melhores condições trabalhistas,
ainda há muito a se fazer.
Em âmbito nacional esta luta está por melhores dias
no mercado de trabalho. Segundo o IBGE, a diferença salarial entre homens e
mulheres ainda é grande. O rendimento médio mensal delas, em 2010, era de
R$983,00 enquanto deles era de R$1.392,00, uma diferença de mais de R$400,00.
Mesmo em um país que tem em sua máxima representação política uma mulher, as
brasileiras não têm pleno reconhecimento no mundo corporativo e na sociedade.
Humilhação, violência doméstica, dependência financeira e pré-julgamentos são
alguns fatores que ainda as atormentam e são motivos de lutas durante décadas.
Para a professora do UBM, Marlene Fernandes, as
reinvindicações surgiram devido à pressão da sociedade, que fez com que elas
percebessem que se não criassem um movimento especifico, não conseguiriam
mudanças. Nesse contexto surge o movimento feminista que levanta, dentre outras
bandeira, a igualdade entre os gêneros. “Nós queremos a igualdade na diferença”
analisa Marlene, que acredita que para conquistas efetivas, as mulheres não
podem “imitar” o modelo patriarcal ou querer inverter os papéis. “A mulher tem
que encontrar uma forma própria de lidar com o poder e usufruir do espaço que
vem ganhando”, explica. Ela lamenta o fato de que os movimentos perderam
considerável força se comparados com o seu auge nas décadas de 70 e 80 e se
preocupa ao falar sobre o uso que a nova geração faz da liberdade que foi
conquistada: “Eu vejo que as jovens ainda estão confusas, não sabem o que
fazer. É uma geração despolitizada que se confunde no meio de consumo e a
liberdade acaba se expressando com o uso do próprio corpo”. Quanto aos homens, a
professora é categórica: “Eles estão ainda mais confusos, não é fácil perder o
poder que foi estritamente masculino durante séculos”.
Os avanços são muitos, vão desde o nítido
aparecimento das mulheres nos espaços públicos, o aumento da presença feminina
nas universidades e na política, até leis como a Maria da Penha. Mas elas ainda
são minorias e enfrentam respingos de um passado dedicado ao espaço privado.
São vistas como mãe, omissas e mão-de-obra mais barata, ou seja, estão nos
espaços públicos, mas carregam a cultura do espaço doméstico.
80 anos da
conquista do voto feminino
Em 2012 as mulheres tem muito que
comemorar, no último dia 24, o Brasil completou 80 anos de liberação do voto
feminino. Leolinda Daltro, Bertha Lutz e outras grandes personalidades são
nomes que fizeram história para garantir que na Constituição de 1932, fosse
garantido, em parte, o direito de escolher e ser escolhida no poder público. O
texto original do decreto diz que, apenas mulheres casadas, viúvas e solteiras
com renda teriam a aquisição. Apenas em 1946, todas as brasileiras puderam
exercer a cidadania sem nenhuma restrição. Atualmente com direito de votar e
serem eleitas, a luta das mulheres é por maior participação nos espaços de
poder.
A Deputada Inês Pandeló, que preside
a comissão de defesa dos direitos da mulher na Assembléia Legislativa do Rio de
Janeiro (Alerj) , acredita que com a vitória da Presidente Dilma Rousseff, mais
mulheres chegarão ao poder. “Após esse fato histórico, o Brasil com certeza,
dará mais credibilidade as mulheres, mas como é um processo cultural é preciso
muito trabalho e de forma continuada para acabar de vez com a discriminação de
gênero”, comentou a parlamentar.
(Foto: http://www.usp.br/espacoaberto/arquivo/2001/espaco06mar/editorias/variedades.htm)
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