Por Renata Carvalho
O Tribunal de Justiça de Santa Catarina condenou, no dia 28 de maio deste ano, um chargista e um jornalista chefe de um jornal da Região Serrana do Estado, pela prática de racismo. Isto aconteceu por causa de uma ilustração publicada em fevereiro de
A
denúncia foi realizada pela Promotoria da Comarca de Lages. A acusação foi por causa da publicação de uma charge, que retratava
a discussão da maioridade penal. Na ilustração, aparece uma mulher negra em uma
sala de parto e mais três bebês, também negros. Estes estão com tarjas nos
olhos, e saindo da sala. Por fim, o desenho mostra um médico que, ao telefone, gritava:
“Segurança!!! É uma fuga em massa!!!”.
Segundo o relator do caso, Henrique
Schaefer Martins, ele acredita que a forma como as crianças negras descem pelo
lençol, e a frase dita pelo médico, tem intenção de comparar a situação com a
fuga de um estabelecimento prisional, ocorrendo um racismo velado. Para o relator, a ilustração
da charge relaciona diretamente crianças negras com a criminalidade.
Opinião dos estudantes
Estudantes
do Curso de Jornalismo explicaram sua opinião sobre a charge. “Acho a
charge preconceituosa, quando ele coloca bebês negros no desenho, fugindo. Ele
usa o estereótipo de que negro é criminoso e eu não acho isso certo”, apontou a
estudante Renata Gonçalves.
Porém, Renan Maia, discorda. Para ele, não se trata de uma charge racista. Ela retrata o
momento atual da sociedade sobre a redução da maioridade penal no Brasil. “Não
acho que seja racista. Quando paramos para analisar o momento social em que estamos,
a questão é bem mais complexa e serve como base para discussão. Esta sim é que
deve apresentar e propor soluções para o problema”, disse Renan.
Chargista
e jornalista punidos
Condenados, o chargista recebeu a pena de dois anos de reclusão e o editor-chefe, que teve a atuação
considerada de menor importância, recebeu pena de um ano e quatro meses de
reclusão.