terça-feira, 9 de abril de 2013

Profissionais de jornalismo em grande estresse

Pesquisas apontam para aumento de depressão, assédio e uso de drogas entre jornalistas

Por: Rianne Netto

O doutor em Psicologia e professor na Universidade de Campinas (Unicamp), José Roberto Heloani, iniciou, em 2003, um estudo com foco na qualidade de vida do profissional de jornalismo. A pesquisa terminou em 2012 e, durante o processo de investigação, cerca de 250 jornalistas foram ouvidos sobre temas como: saúde mental, identidade, subjetividade e a incidência de assédio moral e sexual. Ao final, Holani concluiu que, entre os profissionais de jornalismo, houve um aumento nos casos de depressão, infidelidade e uso de drogas.


Apesar de casos de assédio moral e sexual também terem aumentado no ambiente jornalístico, o número de pessoas que recorrem à Justiça diminuiu. Segundo Heloani, “essas situações tornaram-se mais rotineiras, embora já existissem. Mas o problema vai além. O jornalista precisa ter muita coragem para fazer uma denúncia formal de assédio se quiser permanecer no mercado. Além disso, trocar de profissão, quando desejado, não é fácil.”

A competição no mercado de trabalho e a exigência de um profissional multimídia tem grande peso nessa questão. A pressão para que o jornalista seja, ao mesmo tempo, repórter, fotógrafo e editor tem direcionado grande parte da categoria para o estresse patológico e para a procura de drogas lícitas e ilícitas, como álcool e cocaína. O pesquisador explica que essas atitudes são “uma forma de o ‘cara’ conseguir escrever quatro ou cinco matérias em veículos diferentes, dormir três ou quatro horas e dar conta do recado. É cada vez maior o número de pessoas que trabalham intoxicadas.” O professor Heloani explica que, para diminuir todos esses aspectos de tensão que acompanham alguns profissionais de jornalismo, “a única maneira de diminuir isso é começar a dialogar mais sobre o assunto”, finaliza.


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